Como interpretar Gasometria Animal

Manual do Clínico Veterinário para interpretação de exames de gasometria e eletrólitos sanguíneos Introdução: Esse pequeno manual tem como objetivo ajudar o Clínico Veterinário a interpretar os resultados dos exames de gasometria e eletrólitos sanguíneos realizados pelo Laboratório Santé. Esse material foi formulado a partir da consulta aos principais livros-texto sobre o assunto, e representa um resumo das principais alterações hidroeletrolíticas e ácido-básicas que comumente são encontradas em cães e gatos e suas possíveis conseqüências nas diversas enfermidades que acometem essas espécies. Esperamos, através de uma leitura rápida e agradável desse manual, ajudá-lo no diagnóstico correto e tratamento adequado de seus pacientes, resultando assim na aceleração de suas recuperações e na plena satisfação do seu cliente. Eletrólitos: Sódio: Valores referenciais: Cães: 140 a 155 mmol/L ou mEq/L ou 320 a 355 mg/dL Gatos: 145 a 157 mmol/L ou mEq/L ou 335 a 360 mg/dL O sódio (Na+) é encontrado principalmente no fluido extracelular (FEC), tendo grande participação na regulação de seu volume e da pressão osmótica (osmolalidade). O volume do FEC é determinado pela quantidade total corpórea de sódio, ao passo que a osmolalidade e a concentração de sódio no FEC são determinadas pelo balanço hídrico. Na regulação do sódio e da água corpórea é de suma importância a influência da aldosterona, hormômio anti-diurético, angiotensina, catecolaminas e peptídeo atrial natriurético nos rins. O aumento da concentração plasmática de sódio (hipernatremia) é resultante do aumento de sua ingestão, ou diminuição do consumo e perda excessiva de água. Ao contrário, a diminuição da concentração plasmática de sódio (hiponatremia) resulta do aumento de sua perda ou hiperidratação. A principal causa de hipernatremia é o vômito com perda excessiva de água e pouco sódio. Outras causas são: hiperadrenocorticismo (doença de Cushing), restrição ao consumo de água, intoxicação por sal, perda excessiva de água pura (hiperventilação ou diabetes insípido), perda de fluidos hipotônicos (insuficiência renal, diurese pós-obstrutiva, diabetes melito) e administração exagerada de soluções hipertônicas e de bicarbonato de sódio. Os sinais clínicos da hipernatremia podem aparecer quando os níveis plasmáticos estão acima de 170 mmol/L e compreendem em fraqueza, sede extrema, irritabilidade, depressão, ataxia, mioclonias e coma. A hiponatremia em cães e gatos aparece nas doenças gastrointestinais que acompanham a diarréia e o vômito intensos. Outras causas são: hipoadrenocorticismo (doença de Addison = ? aldosterona – acompanha hipercalemia; relação sódio:potássio < 27:1), uso de diuréteicos, hipoalbuminemia, queimaduras graves, doença renal (acompanha aumento da creatinina e uréia), polidpsia psicogênica, hiperlipidemia (falsa hiponatremia), cirrose hepática e hiperidratação. Os animais com hiponatremia podem apresentar anorexia, letargia, taquicardia, choque, mioclonias, convulsões e coma. Potássio: Valores referenciais: Cães: 3,5 a 5,8 mmol/L ou mEq/L ou 14 a 22,5 mg/dL Gatos: 3,6 a 5,5 mmol/L ou mEq/L ou 14 a 21,5 mg/dL O potássio (K+) é encontrado quase que em sua totalidade no meio intracelular, sendo que somente 5% estão presentes no FEC. Esse cátion é responsável pelas manutenções do volume intracelular e do potencial de membrana, e as concentrações intracelular de potássio e extracelular de sódio são mantidas ativamente pela bomba de sódio-potássio-ATPase, cuja função é levar o potássio para o interior da célula e o sódio para o exterior. As alterações nas funções das células eletricamente excitáveis (tecido nervoso e muscular) iniciam-se em concentrações superiores a 6,5 mmol/L ou abaixo de 2,5mmol/L, quando ocorrem desequilíbrios entre as concentrações intra e extracelulares desse íon. A regulação da concentração plasmática do potássio é feita principalmente pelos rins; 90% a 95% é excretado pela urina e 5% a 10% pelas fezes, suor e saliva, sendo que a aldosterona é o hormônio que participa dessa regulação. A diminuição da concentração sérica do potássio (hipocalemia, hipopotassemia) é uma das alterações eletrolíticas mais comuns em pequenos animais, e é devido à ingestão insuficiente, perda excessiva ou redistribuição do potássio extracelular. Essas condições são representadas pela anorexia, fluidoterapia pobre em potássio, vômitos, diarréias, alcalose metabólica, poliúria, uso de diuréticos, diurese pós-obstrutiva em gatos, uso de insulina ou bicarbonato de sódio (desloca o potássio para o interior da célula), uso de glicose intravenosa (estimula a liberação de insulina). Os sinais clínicos associados à hipocalemia são: fraqueza muscular, poliúria e polidipsia, anorexia, ventroflexão de pescoço (gatos), letargia, íleo paralítico, aumento da creatinina-cinase e alterções eletrocardiográficas, como aumento da amplitude da onda R, achatamento de onda T e contrações atriais e ventriculares prematuras. A hipercalemia ou hiperpotassemia, isto é, o aumento da concentração plasmática de potássio, está relacionada principalmente à redução de excreção renal, porém, a redistribuição do cátion e o fornecimento de potássio extracorpóreo pode levar a essa condição. Portanto, insuficiência renal oligúrica (acompanha hiperfosfatemia; relação sódio:potássio < 27:1), obstrução uretral (pode acompanhar desidratação, hipocalcemia e hipernatremia), ruptura de bexiga, doença de Addison (? aldosterona – acompanha hiponatremia; relação sódio:potássio < 27:1), drenagem de efusões, acidose, queimaduras graves, denervações, lesões musculares extensas, tricuríase, salmonelose, destruição celular intensa, excesso de fluidos com potássio, diabetes melito (falta de insulina) e uso de ß-bloqueadores podem elevar os níveis plasmáticos de potássio. Os animais hipercalêmicos podem apresentar fraqueza, bradicardia, alterações no ECG, como ondas T apiculadas e altas, supressão de ondas P e prolongamento de complexo QRS, fibrilação ventricular e assistolia. A hipercalemia ou a hipocalemia graves são contra-indicações aos procedimentos anestésicos. Há condições em que o potássio pode ser erroneamente interpretado como aumentado, entre elas, a hemólise em cães da raça akita, os quais têm grandes quantidades de potássio intra-eritrocitário. Desse modo, a estocagem prolongada do sangue desses animais não é indicada. Outro exemplo é a leve diferença da concentração desse íon no soro em relação ao plasma. Devido à liberação de potássio pelas plaquetas durante a coagulação, o soro tende a possuir valores cerca de 0,2 mmol/L mais altos que o plasma. Do modo contrário, existem fatores que podem levar à pseudo-hipocalemia, como a hiperlipidemia e a hiperproteinemia. Cálcio: Valores referenciais: Cães:      cálcio total: 2,0 a 3,0 mmol/L ou 8,0 a 12,0 mg/dL cálcio ionizado (Ca2+): 4,0 a 6,0 mEq/L Gatos:    cálcio total: 1,8 a 3,0 mmol/L ou 7,2 a 12 mg/dL cálcio ionizado (Ca2+): 3,6 a 6,0

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